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Refugiado em Lisboa e a fazer boxe em Campo de Ourique

Refugiado em Lisboa e a fazer boxe em Campo de Ourique, Farid entrou na primeira equipa europeia olímpica de refugiados
Aos 9 anos, Farid Walizadeh teve de andar do Afeganistão até à Turquia acompanhado por 200 desconhecidos em busca de paz. Hoje tem 26 anos, vive em Lisboa junho de 2023 foi mês de preparação para os Jogos Europeus. Levará uma bandeira branca que representa a equipa de refugiados do Comité Olímpico. Mas foi em Alcântara, no bairro da Quinta do Loureiro, que Farid encontrou a paixão pelo boxe.
Vindo do Afeganistão, passou pelo Paquistão, Irão e Turquia. Nunca chegou à Grécia, apesar das tentativas, uma delas trágica, à saída de Istambul. Foi detido pelas autoridades turcas e ficou à guarda de um centro de refugiados até receber duas propostas - uma dos Estados Unidos da América e outra de Portugal. O primeiro associava à guerra, o segundo lembrava-lhe apenas Cristiano Ronaldo. Lisboa parecia-lhe um lugar mais seguro e Farid veio a ganhar abrigo na Casa de Acolhimento para Crianças Refugiadas (CACR) até ter 18 anos. Já um adulto, alugou uma casa com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Trabalhou na hotelaria e restauração, para poder chegar ao curso de arquitetura que hoje frequenta. Aquele menino que sonhou ver o país dele a construir de novo no lugar onde a guerra fez vazio está agora a aprender a desenhar outras paredes. Além de estudante de arquitetura, tentar pela segunda vez alcançar os jogos olímpicos.
"Para qualquer lado que vou, sempre fico com saudades de Lisboa. Sou mais lisboeta do que outra coisa. Onde crias a tua ligação e encontras a tua paz, a comunicação com pessoas, com o povo, crias amigos ou famílias, é aí que tornamos casa. E Lisboa é a minha casa.”
Texto: Catarina Reis
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